segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ame e dê vexame!


Você ama aquela petulante . Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu. Você deu flores que ela deixou a seco, você levou ela para conhecer a sua mãe e ela foi de blusa transparente. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o seixa imolbilizado, o beijo dela é viciante e você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafageste. Ele diz que vai ligar e não liga. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para principe encantado, e ainda assim você não consegue despacha-lo. Porque você ama este cara?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento e sim uma equação de matemática: EU linda + VOCÊ inteligente = a dois apaixonados. Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidade que ela tem. Caso contrário os honestos, simpáticos e não-funantes teriam um fila de pretendentes batendo à porta. O amor não obedece à razão. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá ou pelo que provoca. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.

Texto extraído do livro "Ame e dê Vexame", Editora Novo Paradigma (escrito por Roberto Freire).

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